24 de novembro de 2009

Atividades programadas Orientadas - Psicologia -Resenha



O Elemento Humano: Peça Fundamental no Processo do Desenvolvimento Organizacional

No livro, Comportamento Humano nas Organizações: O Homem Rumo ao Século XXI, de Roberto Kanaane serão abordadas questões de extrema relevância para as organizações a partir de uma sucinta análise do comportamento humano e do seu desempenho na relação papel profissional X meio ambiente, ressaltando que esse ambiente deve ser concebido como um local de constantes aprendizados. Afinal, com as profundas transformações ocorridas nas instituições a partir do século XX o elemento humano tornou-se fundamental no sucesso das grandes organizações.
Aprofundaremos nossa leitura no capítulo 3 intitulado “O Homem: Trabalho e Participação no Quadro Geral do Desenvolvimento Organizacional”, onde o autor prioriza a atuação do homem enquanto um ser social e político, as relações interpessoais e pontos de conflito no ambiente organizacional, a contribuição do elemento humano para a compreensão dos processos participativos nas organizações e finalmente o desenvolvimento organizacional.
Formado Bacharel em Psicologia e Pedagogia, Mestre em Psicologia Social e Doutor em Psicologia, Roberto Kanaane tem vasta experiência em Gestão de Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional. O que torna precisa e contundente sua escrita ao longo da construção do capítulo três objeto de estudo deste trabalho.
O ambiente de trabalho é um dos locais mais propícios para vislumbrar a atuação do homem enquanto um ser social, isso significa que ao vivenciar as relações sociais o homem possui aspectos facilitadores e impeditivos construídos por experiências desenroladas ao longo da vida. Ou seja, as motivações que geram eficiência ao trabalho humano poderão ser as mais diversas e esse fator terá uma ligação direta com o caráter do indivíduo.
Para o autor, o desempenho humano no ambiente do trabalho precisa ser compreendido a partir de determinadas relações como: relação indivíduo-indivíduo, indivíduo-grupo, indivíduo-organização, grupo-grupo, grupo-organização, organização-organização, organização-meio ambiente. Partindo do princípio de que o caráter é construído a partir de valores vivenciados em sociedade e que as relações estabelecidas no ambiente organizacional são reflexos do mesmo podemos concluir que os condicionamentos e aprendizados adquiridos ditarão muitas vezes a postura das lideranças e o sistema de tomada de decisões.
Dessa forma para Kanaane, é imprescindível que as organizações priorizem a preconização do indivíduo, afinal o comportamento assumido pelo mesmo no contexto socioprofissional a partir de seus condicionamentos e experiências moldarão tanto situações de sucesso, como situações de conflito, sendo que os conflitos na maioria das vezes permearão as questões ligadas as estrutura hierárquicas e a manutenção do status.
As teorias psicológicas e comportamentalistas oriundas da Psicologia Social retratarão com muita propriedade as relações estabelecidas entre os homens e os trabalhos por eles executados o que comumente se traduz em relações de insatisfação o que segundo Roberto Kanaane está ligado a uma estrutura de relação utilitarista, mecanicista e unidirecional.  Nesse cenário terá destaque algo que trará novos rumos a essas relações: A qualidade de vida.
Respeito às diferenças, condições satisfatórias de ergonomia, relação harmônica e consciente com o meio ambiente, valorização e reconhecimento do indivíduo são itens que caracterizam a qualidade de vida buscada por muitas instituições. Esse algo a mais citado aqui como qualidade de vida facilitaria o alcance do que o funcionário espera como pessoa e profissional, estando com a saúde física, mental e emocional ajustadas. Reconhecendo-se de forma abrangente e buscando seu espaço de participação.
Talvez muitas empresas ainda precisem reconhecer essa necessidade, contudo devemos considerar que nas últimas décadas tivemos avanços significativos nessa questão, mesmo que o autoritarismo desmedido exercido por alguns atravanque o processo de crescimento e aprimoramento de ações que promovam bem estar e satisfação.
Muitas empresas ainda costumam tratar seus funcionários como percentual quantitativo que só tem valor à medida que o lucro cresce nos caixas, exercendo pressões das mais diversas sobre os mesmos caracterizando verdadeiras torturas o que afasta o tão almejado ambiente agregador gerando situações conflituosas e de absenteísmo, retrabalho e insatisfação desmedida.
 Ressalta-se que, a qualidade de vida deve surgir de uma interação entre fatores do indivíduo e da organização. O que trará benefícios para o trabalhador e rentabilidade para os negócios. Precisamos de gestores que saibam conquistar seus colegas de organização, que disseminem o espírito de trabalho em equipe e o sucesso compartilhado, abandonando o poder punitivo desmedido e a coação como meio de alcançar resultados.
Para que aconteça nas organizações uma gestão consciente e eficaz é importante que exista a participação, porém não apenas a limitação da participação da força de trabalho de forma superficial a festividades natalícias, reuniões motivacionais e tantos outros exemplos concebidos de cima para baixo, ou seja, pensados por uma chefia ou por um departamento de RH sem a opinião, consentimento e participação efetiva de todos.
 Portanto, a verdadeira participação é aquela que se revela como um processo focalizado sob uma perspectiva social e política. Respeitando as mais diversas opiniões e os mais diversos valores e priorizando questão que promovam um bem estar geral. O que é provado por algumas categorias profissionais que possuem uma extensa compreensão de cidadania e a põe em prática no ambiente de trabalho.
Sendo assim, a participação desejada é aquela que permita uma atuação social e política do indivíduo como um todo, acentuando a interdependência entre a conduta individual/grupal e um saudável ambiente organizacional. Onde deve existir representação social constante, identificando na conduta humana as suas mais variadas influências e também as suas limitações.
E finalmente chega-se a um dos pontos de grande relevância do trabalho de Roberto Kanaane, como conceber o desenvolvimento organizacional e por que o mesmo se faz necessário.
Segundo o autor, o Desenvolvimento organizacional tem por finalidade uma mudança significativa para ajuste de missão ou objetivos o que passa por diversos processos como: laboratórios de sensibilidade, pesquisas de atitude e opinião, técnicas de administrar conflitos grupais, avaliação de personalidade, entre outros. Práticas que transformariam ameaças em grandes oportunidades.
Lembrando que o DO "Desenvolvimento Organizacional" precisa abarcar uma dinâmica integradora da qualidade com a dinâmica dos administradores.
Enfim, as empresas não devem adotar modelos prontos de DO, muitas vezes importados de culturas dispares e que não terão aplicabilidade em sua realidade.
O promissor desenvolvimento organizacional é aquele construído de forma participativa e que tem como fator fundamental o elemento humano, o qual deve ser desenvolvido e respeitado em suas individualidades. Sendo valorizado não só como  profissional, mas também como indivíduo.
 Conclui-se afinal, que o texto estudado é de grande aplicabilidade na área da administração, podendo ser apreciado por especialistas, professores, alunos, profissionais e interessados na temática. Roberto Kanaane trabalho o tema de forma objetiva e precisa exemplificando com exemplos de fácil associação, dando dessa forma uma contribuição significativa para a compreensão dos assuntos relacionados a essa disciplina e ao curso como um todo.

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